Entre sobras de linha e ansiedade



Hoje eu bordei essa blusa. Quer dizer, hoje eu acabei de bordar essa blusa já que levei alguns dias para terminar. Hoje eu também tive uma crise de ansiedade (a segunda nessa semana uhuu).
Eu comecei a fazer artesanato bem novinha, com uns 10 ou 11 anos. Naquela época minha mãe costurava bastante e fazia muito ponto cruz (ela fez uma mochila da Lindinha das Meninas Super Poderosas) então eu resolvi pedir para que ela me ensinasse. Eu não sei se isso é uma menória fabricada pela minha mente ou se realmente aconteceu, mas eu me lembro de estar sentada no chão enquanto minha mãe estava deitada no sofá bordando e me lembro dela ter me ensinado a fazer formas geométricas. Às vezes eu ficava bordando coisas aleatórias em tecidos e depois a coisa foi evoluindo. Ainda adolescente eu bordei uma toalha de presente para uma amiga (toalhas bordadas são um ótimo presente se você tem bom gosto e não borda coisas meio bregas) e também fiz um quadro com uma fada que está na porta do meio closet (meio brega, confesso).
Desde o início bordar foi uma coisa que me fazia companhia nas horas de ansiedade e pânico. Bem novinha a ansiedade começou a me afetar tanto que eu tinha episódios constantes de insônia e como uma boa criança medrosa e ansiosa eu ficava mais nervosa ainda sabendo que todos na minha casa estavam dormindo enquanto eu estava acordadona. Lembro de passar as madrugadas com a televisão ligada esperando a programação voltar (sim a programação acabava naquela época), bordando com os olhos vidrados até que a programação religiosa da tv aberta começava.
Nos meus 15 anos passei horas na cozinha pintando caixinhas para dar de lembrancinha porque por algum motivo pintar e fazer decopage naquelas malditas caixas era uma coisa que parecia preencher o vazio.
Essa semana eu resolvi bordar essa blusa. Comecei a aprender bordado livre recentemente só que depois de prontos o bordados ficavam guardados numa caixa, então resolvi bordar alguma coisa que eu pudesse usar. Infelizmente (ou felizmente, não sei) essa blusa estava com uma mancha então resolvi colocar umas flores por cima da mancha. A blusa já estava ruim mesmo então não ter problema se eu arruinasse ela completamente. 
Então estava eu quase terminando minha blusinha quando recebi uma notícia ruim, cometi um erro e algo deu errado. Aí eu tive uma crise. Tive uma crise, parei uns minutos para respirar e...voltei a bordar. E fiquei bordando e chorando e tendo mil pensamentos negativos que eu não deveria estar tendo, mas eu continuei bordando e com o tempo fui ficando mais calma.
Talvez todo esse impulso criativo e todas esses tipos de artesanato que aprendo sejam realmente só uma forma de preencher um vazio, mas isso é uma coisa para falar com a psicóloga.

O Milagre da Manhã e o milagre da preguiça


Eu comecei a fazer o milagre da manhã. Só deu estar escrevendo esse texto agora e não no domingo, quando eu deveria ter escrito, já diz muita coisa de como está o meu progresso.
O Milagre da Manhã é um livro que mostra uma lista de coisas que você pode fazer todos os dias pelas manhãs e que ajudaria a alcançar uma vida mais feliz e equilibrada (pelo menos é isso que eu entendi do vídeo que eu vi sobre ele). Você basicamente teria que acordar uma hora mais cedo do que normalmente acorda e então 1) dedicar um tempo ao silêncio com propósito (meditação e/ou exercícios de respiração), 2) fazer um exercício de afirmações sobre seus objetivos e o que você está disposto a fazer para alcança-los, 3) visualização dos seus objetivos, 4) exercícios, 5) leitura e 6) escrita. Eu, por enquanto, só estou acordando mais cedo e lendo hehehe.
Achei que fosse ser fácil começar a rotina já que normalmente acordo cedo e prefiro fazer as coisas enquanto ainda tem luz do sol, mas nossa que negócio difícil. Eu sempre tive facilidade de criar rotinas, mas parece que depois de tanto em casa eu desenvolvi uma certa dificuldade em criar novos hábitos e me livrar dos velhos (minha unha do dedo do meio da mão direita que está bem roída é uma prova disso).
As pessoas acham que é super fácil ficar em casa o tempo todo, mas quando você só fica em casa porque não tem opção às vezes a coisa não é assim tão legal. Pelo menos para mim, no início você aproveita todo tempo livre que você para fazer as coisas que gosta, depois parece que o tempo está passando devagar demais então você tenta preenche-lo o máximo possível para não ficar com tédio (até começa a fazer as tarefas de casa só pra se distrair). 
Passei dessas fases e agora me parece que o tempo passa rápido demais e estou vivendo um looping de dias sem fim. Sabe aqueles filmes em que o protagonista vive o mesmo dia todos os dia? Então, é tipo isso. 
Eu fui tomada por uma preguiça extrema. Tenho dias de ânimo em que faço várias coisas ou planejo fazer coisas só para no outro dia me sentir um lixo grande demais para tentar qualquer coisa. Acordo mega cedo e fico na cama por horas até tomar a coragem de levantar. O corpo não tem disposição para fazer as coisas, mas a cabeça fica viajando para vários lugares o tempo...aff. Melhor falar isso com a psicóloga.

Diários e começos

Perguntei para minha psicóloga se eu deveria começar um diário. Ela me disse que faz bem, que eu deveria começar um e então contar para ela o que eu achei. Bem, então vamos começar. 

Não é a primeira vez que tento escrever um diário, "tento" porque realmente nunca consegui. Um dos motivos sendo a minha mãe: ela sempre desconfiava de algo, remexia o quarto todo até achar e sempre me confrontava sobre o que estava escrito (até corrigia erros de português). Talvez esse seja um dos motivos que me levou a ter tanto medo de expor minha opinião dentro de casa. Isso ou o dia em que minha mãe falou “ei se você está certa ou não sua opinião não importa”, mas eu acho que nunca vamos descobrir. 

Depois das tentativas de mal sucedidas de ter um diário físico optei por tem um blog, eles estavam  no auge na época. Várias vezes montei um blog no calor do momento por inúmeros motivos: tristeza, raiva ou simplesmente porque tinha alguma opinião que gostaria de compartilhar, mas ninguém com quem fazer isso. Passava horas procurando templates, vendo tutoriais, mudando sua aparência e aí...não escrevia nada. Era quase como passar hora montando uma casa no The Sims só para não ter vontade de realmente jogar o jogo depois. Parece que tenho um pico criativo e aí vem a ansiedade e fala “vamos fazer todas essas coisas antes até passar a vontade de colocar seus pensamentos para fora, provavelmente vão te julgar de qualquer forma”. É bem frustrante. 

A ansiedade atrapalha muito, acho que as pessoas não tem noção disso. Espero que esse diário ajude, mas isso é outra coisa para falar com a psicóloga.